sexta-feira, 26 de junho de 2009

credit karma: I want you

Depois de perder alguns quilos nas privadas indianas, visitar uma porcao de templos e lugares sagrados; doar dinheiro, fazer oracoes, oblacoes e caminhadas silenciosas; participar de rituais, aratis e satsangas; entrar no Ganges tres vezes, parar no hospital e queimar algum karma, acho que estou com credito no astral.

Entao nada
melhor que pegar um aviao ate o Reino Unido e ir pecar um pouco com Steve, o ingles charmoso que viajou comigo no trem em direcao a Varanasi.

Embarco amanha de manha e sinto borboletas no estomago.

sunny paris

Foi meio estranho chegar em Paris depois de passar esse tempo todo la na India. Aqui as pessoas mal se olham na rua mas na verdade isso nao importa porque vim mesmo para ver a Debby.

Gostaria de passar mais tempo em sua companhia. Como isso nao eh possivel pois ela esta trabalhando muito, soh me resta aproveitar ao maximo cada minuto que temos juntas.

O cli
ma esta muito agradavel, ensolarado mas bem fresquinho pra mim que estava acostumada com temperaturas apocalipticas. Hoje vou novamente almocar com Debby e depois passear em montmartre - sugestao dela.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Hurriganes - Keep on knockin'

Assisti agora pouco no avião um filme chamado "Ganes", de 2007, sobre uma banda de rock finlandesa da década de 70. O som não é muito diferente do rock que se fazia na época mas mesmo assim achei bem bom e gostei da história deles. Bando de ciganos escandinavos malucos!

(Clica ali no título do post)

Dentro de quatro horas pego outro avião em direção a Paris. Por enquanto vou ficar por aqui navegando na internet super rápida e gratuita do aeroporto de Helsinki. Diliça!

mehandi mehandi mehandi freak


Pirei o cabeção com o calor em Delhi e fiz mais duas tatuagens de henna. Uma no braço direito e outra na perna direita. Não sei se faria definitiva mas essas realmente gosto e acho que elas poderiam durar 6 meses. Poderia entender de química e inventar uma henna com permanência prolongada.

Claro que sair de la não seria algo tranquilo - o taxi chegou atrasado e o motorista ainda pediu pra parar no meio do caminho - preparou o café da manhã de sua amiga vaca - e outros bichinhos. Só na India mesmo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Incredible !ndia

Nao sei direito o que estou sentindo agora. Eh um certo alivio sair deste calor infernal e saber que dentro de algumas horas estarei em Paris revendo Debby e Mederic. Que vou poder comer tranquilamente qualquer coisa e beber agua da torneira. Ao mesmo tempo eh tao dificil ir embora.

Nao arrastei o peh do 'main bazar' desde que cheguei em Delhi, nao vi o Red Fort ou qualquer outro monumento, nao fui a museus nem ao centro Sivananda praticar Yoga. Faz muito calor mesmo e sinto que cheguei ao meu limite fisico e psicologico, por isso passei a maior parte do tempo praticamente pelada em baixo de um ventilador. E falo em limite porque de fato eh quase impossivel sair na rua e nao captar algo novo, estranho e diferente. Desde pessoas te chamando para tomar chai, ou conhecer uma loja, perguntando de onde voce eh e ha quanto tempo esta aqui. Criancas brincando, trabalhando ou catando lixo; vacas cagando no meio da rua (olha a merda aqui de novo), buzina de auto rickshaw, musica pop, mantras milenares. Cheiro de comida, incenso e fumaca de diesel. Turistas drogados, casais passeando, caes preguicosos. Alguem que te estende a mao sorrindo e alguem tentando te enganar e fazer mais dinheiro. Idosos maltrapilhos, estudantes de tecnologia - enfim, eh um banquete para os sentidos!

E neste exato momento eh como se tivesse acabado de fazer uma grande refeicao em um buffet livre com direito a sobremesa e nao ha espaco para nem mais um cafezinho. Sentirei saudades deste lugar que foi a minha morada durante quase dois meses (menos uma doce semana que passei no Nepal).

Se voce, caro leitor ou cara leitora, gosta de aventura e nao tem medo de ser revirado do avesso e chacoalhado de cabeca para baixo, venha para a India! Essa grande Mae com certeza vai te acolher com imensos e multiplos bracos abertos. E de quebra voce nao vai sair o mesmo daqui, definitivamente.

nosso sadhu e o ganges

segunda-feira, 22 de junho de 2009

entre a merda e o sagrado

Acho que nunca pensei tanto em Deus e em merda como nestes ultimos dois meses aqui na India. O que me motivou a fazer essa viagem foi principalmente o Yoga e a peregrinacao a locais sagrados - o resto foi acontecendo por consequencia.

Primeiro tive que acostumar com a merda de vaca pelas ruas, o cheiro de merda, a cinza feita com merda que os sadhus passam no corpo.

Depois vieram as latrinas indianas - que sao vasos sanitarios embutidos no chao e o contato com a merda (feito pela mao esquerda). Apesar de continuar usando papel higienico procuro cumprimentar as pessoas, comer e fazer tudo com a mao direita, pra entrar no clima e porque afinal sou destra.

Em seguida foi a minha propria merda - com a diarreia, ameba, caganeiras repentinas. O menor sinal de mudanca na consistencia, coloracao e cheiro ja me da verdadeiro pavor. Ainda bem que nao joguei fora os remedios e sais que sobraram.
Nao sei se eh por causa do calor seco e apocaliptico de 43 graus que voltei a sentir dor de barriga. Estou cuidando muito da alimentacao, voltei a escovar os dentes com agua mineral, desinfetar bem as maos e beber muito liquido.

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Antes de fazer as refeicoes costumo entoar mentalmente uma prece - eh uma passagem do Bhagavad Gita - aprendi com o Gopala no centro de Yoga e nunca mais esqueci. Dedico o alimento a Krisna sempre antes de comer - sera que ele tambem tem passado mal com piriri la nos reinos celestiais?

Isso tudo me faz lembrar de um trecho de "A insustentavel leveza do ser" - um dos livros que trouxe comigo na mochila:

"Quando era garoto e folheava o Velho Testamento para criancas, ilustrado com gravuras de Gustave Dore, via nele o Bom Deus em cima de uma nuvem. Era um velho senhor, tinha olhos, nariz, uma barba comprida e eu dizia comigo mesmo que, como ele tinha boca, devia comer. E se comia, devia ter tambem intestinos. Mas essa ideia logo me assustava, porque apesar de pertencer a uma familia pouco catolica, eu sentia que a ideia dos intestinos de Deus era sacrilega.

Sem o menor preparo teologico, espontaneamente a crianca que eu era entao ja compreendia, portanto, que existe incompatibilidade entre a merda e Deus e, consequentemente, percebia a fragilidade da tese fundamental da antropologia crista segundo a qual o homem foi criado a imagem de Deus. Das duas uma: ou o homem foi criado a imagem de Deus e entao Deus tem intestinos, ou Deus nao tem intestinos e o homem nao se parece com ele.

Os antigos gnosticos sentiam isso tao claramente quanto eu aos cinco anos. Para resolver esse maldito problema, Valentim, grao-mestre da gnose do seculo II, afirmava que Jesus 'comia, bebia, mas absolutamente nao defecava.'"

main bazar

A viagem para Delhi foi tranquila, vim de segunda classe, sentadinha, ouvindo musica e fazendo cruzadinha. Viajar de trem eh sempre sossegado, me preocupo mesmo quando tenho que entrar em algum veiculo motorizado - os indianos dirigem feito loucos. A mao eh pela erquerda mas quase sempre, eles vao em todas as direcoes ao mesmo tempo. Agora, imagine isso e um calor de mais de 40 graus, buzinas, fumaca de diesel e vacas por todos os lados. Eh sempre uma aventura e um exame cardiaco.

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Conheci duas professoras no trem e finalmente descobri porque algumas mulheres alem de colocar o bindi (ponto entre as sobrancelhas) fazem uma marca vermelha na raiz dos cabelos, bem no meio da testa: sinal de que sao casadas. E os turbantes pretos e alaranjados com uma especie de "pompom" na frente sao usados por homens da religiao sikh - ja que nunca cortam os cabelos. Alias o sikhismo eh uma tradicao recente mas igualmente interessante. Proxima vez que vier a India quero ir a Amritar e ver o Golden Palace, lugar sagrado para eles.

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Vim parar em um hotel no main bazar - o paraiso das bubigangas. Tudo o que voce imaginar e desejar compras na India esta aqui a um preco bem mais barato. Incenso, tecido de todos os tipos, temperos, joias, livros, cosmeticos, estatuas, cd's, instrumentos e muitas outras coisinhas. Eh uma tentacao consumista! Ainda bem que soh me restam algumas rupias no bolso.

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O hotel eh um verdadeiro muquifo's place, bem barato e localizado na boca do bazar. Mas faz tanto calor aqui em Delhi que nao da muita vontade de sair de baixo do ventilador.

sábado, 20 de junho de 2009

Delhi, aí vou eu




Não poderia ter escolhido lugar melhor para descansar e recarregar minhas baterias: Rishikesh é realmente um cheio de prana. As pessoas são amigáveis e curiosas - como em toda a India. Mas aqui a atmosfera espiritual é mais forte - é um local sagrado de peregrinação.

Estou bem contente de ter vindo para cá e ter passado todos esses dias me recompondo. Parece que recebi uma injeção de serenidade. Tenho mais três dias no país antes de voar para a França - com escala na Finlândia.
Quero visitar o centro Sivananda de Yoga em Delhi e fazer umas comprinhas. Nada demais. Talvez visite o Red Fort também. Sensação de missão cumprida.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Davai!





Já estava pensando em fazer uma tatuagem de henna desde a semana passada e ontem durante o jantar pensei: vou hoje. Pretendia fazer no sábado de noite mas resolvi ouvir essa voz que de vez em quando fala comigo. Chegando lá, sentei no banquinho e Jagannath começou seu trabalho. Em menos de dez minutos escuto um maluco gritando meu nome com forte sotaque: era Alex. Depois de um mês encontrei os russos aqui em Rishikesh! Vladimir estava junto e me mostrou seu machucado na perna - disse também que só não pegaram parasita pois bebem rum todo dia e assim não há ameba que resista, pelo menos não sóbria.

Engraçado isso - encontrei duas vezes pela India Alan, o artista de NY, em Delhi e Kathmandu no Nepal; Adam, o advogado de Nottingham, em Kathmandu e Darjeeling; Kamani a fofíssima do Sri Lanka- Austrália em Pushkar e aqui, e agora os Russos, Vladimir e Alexander, em Darjeeling e aqui também.


Hoje de tarde vou descer até o rio e assistir um arati - vou procurá-los para me despedir. Amanhã não quero me mover daqui - talvez vá para mais um banho no Ganga de manhã cedo, depois só quero ler, comer, descansar e me preparar para viajar de madrugada. Davai!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Divine Life Society


Acabei de me dar conta de uma coisa muito importante e um tanto óbvia: o ashram que estava procurando não é esse que freqüentei durante dois dias. Fiz uma grande confusão entre este aqui de Rishikesh - que é da DLS - e o ashram que desejava ficar, em Netala - há oito horas de Haridwar. Agora tudo faz mais sentido na verdade.

Quando disse que tinha enviado um e-mail solicitando hospedagem e ninguém entendeu nada ou quando entrei no salão de meditação e vi lugares fixos para "santos, homens e mulheres".
As aulas de Hatha Yoga seguem os mesmos moldes mas há uma vibração diferente, não sei dizer muito bem qual. Tive a impressão de que aqui eles são mais rígidos e sérios. E o complexo abriga também um grande hospital, biblioteca, editora e ainda - achei muito legal isso - no caminho de volta para o hotel achei uma casa para leprosos, portadores de deficiência física, aids e prostitutas.

Enfim, fiz a maior confusão da paróquia! As aulas acabaram ontem - pois está muito quente e os professores vão para as montanhas, onde ficam até julho. O jeito é praticar sozinha (como tenho feito há dois anos aliás) de manhã bem cedo porque é fresquinho. Poderia fazer em outra escola - mas gosto de praticar este método - poderia ir também para Netala - mas quero ficar sossegada aqui, fazer massagem e relaxar.

E ah, fui no hospital hoje fazer exame - e a ameba se foi!! :D


Do NOT blow horn


Dá pra imaginar mais ou menos o que os Beatles encontraram por aqui, quando se hospedaram no Maharishi Mahesh Yogi Ashram nos anos 60. Rishikesh é rodeada por montanhas belíssimas, banhada pelo sagrado Ganga - definitivamente um lugar propício para a prática de Yoga e meditação. Hoje em dia é possível também aprender algum instrumento musical, hindi ou experimentar massagens diversas e terapias alternativas. Rafting, trekking e acampamentos também se acha por aqui e os preços são bastante razoáveis. Mas é uma pena que perto dos centros mais comerciais haja tanto barulho de buzina, lixo e poluição. Como em outros lugares em que estive na India até agora, Rishikesh mostra que os indianos são privilegiados por uma natureza estonteante - e aparentemente não são totalmente conscientes disso. É uma pena.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Radha Naam Sang - hit do verão

As criaturas celestes sabem tudo e vêem tudo


Enfrentar sozinha as mais diferentes situações uma pinóia! Toda vez que a porca realmente torce o rabo aparece alguém especial no caminho. Em Delhi foram Jenny e Paula; em Varanasi, Steve; no Ashram foi Aline e aqui em Rishikesh, Kamani. Quase quatro dias inteiros em sua mais-que-agradável companhia. Passeamos bastante, andamos pelos mercados, tomamos banho no Ganges, assistimos pujas e cantamos no templo dedicado a Krisna - eles estão cantando o Maha Mantra há quatro anos sem parar, revezando. Eta geminiana porreta essa, já deixa saudades!

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Faz um calor insuportável aqui durante o dia mas já me sinto mais forte, voltei a comer e sentir mais disposição. Hoje pela manhã tomei meu segundo banho no Ganga e no caminho de volta, passando pela Ram Jhula, uma mulher parou na minha frente e me cumprimentou calorosamente. Como se nos conhecessemos de longa data. É muito gostoso quando alguém te aborda assim, no meio da rua, inesperadamente.


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Tenho mais cinco dias aqui em Rishikesh. Pretendo me recuperar da ameba, ler bastante, relaxar, fazer massagem e praticar Yoga. Naturalmente este é um momento de introspecção maior e não me sinto tão inclinada a conhecer muitas pessoas mais e falar o tempo todo. Quero guardar alguma energia para os dias que virão.
Talvez participe de satsangas, visite alguns templos mais, só que bem na boa, devagar. Domingo de manhã bem cedo vou para Haridwar e de lá pego um trem expresso para Delhi, onde ficarei três dias antes de voar para Paris.

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Ontem visitei o Sivananda Ashram e hoje de tarde fiz uma aula de Hatha Yoga. Foi uma grande emoção visitar o lugar em que Swami Sivananda começou a ensinar. Mas isso é assunto para um próximo post.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

show de calouros indiano oeeeee!

instant karma: I treat - he cures




Ontem acordamos às 5 da manhã, tomamos café e fomos tomar banho no Ganges. A água muito é muito fria e a correnteza bem forte. Uma delícia. Escolhemos um local que aqui eles chamam de "praia" devido a areia branca proxima a margem do rio. Ao nosso lado estavam um sadhu e uma vaca. Ele tomou banho conosco enquanto a vaca nos observava. Tentou conversar mas não entendemos nada. Me senti no auge da semvergonhice admirando seu belo corpo e suas rígidas nádegas de iogue.

Curiosamente depois de lavar meus pecados com esse banho - e almocar - comecei a passar muito mal e Kamani me levou para o hospital. Tomei soro, antibióticos e sais reidratantes.


Bem feito pra mim: tirei tanto sarro de Adam que pegou parasita comendo batata frita e agora estou com diagnóstico de amebíase e uma outra coisa que não lembro. Sete dias tomando uma cacetada de remédio e comendo muito pouco - pois tudo me dá vontade de vomitar.


Mas a boa notícia é que conhecemos um velho lobo israelense - Shaya - e uma senhoura alemã - Patrícia - boas conversas e passeios por aqui. Kamani resolveu ficar mais um pouco também, fico feliz.


Ram Ram!

Haridwar - Rishikesh


Passei dois dias em Haridwar, me instalei em um hotel perto da estação de trem. Centrão barulhento cheio de lojas. Consegui consertar minha câmera e assisti a um puja na beira no Ganges. Conheci um astrólogo maluco que não parava de falar em sexo e disse que em nove de setembro deste ano haverá uma configuração astral muito especial. Uma abertura ainda maior de consciência planetária.

Comecei a me sentir mal com diarréia e também com o povo barulhento que não parava de gritar às seis da manhã. Tomei um taxi para Rishikesh e encontrei Kamani - uma menina muito querida que já tinha conhecido no ônibus indo para Pushkar. Ela nasceu no Sri Lanka e mora com a família na Austrália.
Logo no primeiro dia fomos andar na beira do Ganges e fizemos uma oferenda ao rio.

terça-feira, 9 de junho de 2009

roda roda roda

Sempre vou me lembrar da roda gigante que vi em Kanyakumari, no extremo sul da India quando estive no Ashram. Girava muito mais rápido que qualquer roda gigante que vi até hoje. Lembro ainda que quando vi aquela imagem, imediatamente se cristalizou em meus pensamentos como uma metáfora da minha breve experiência aqui.

Creio que va levar semanas, meses ou anos até para processar tudo que estou vivendo e me dar conta de tudo que tenho apre(e)ndido. E da força que encontrei em mim para lidar sozinha com as mais diferentes situações.

sab kuch milega (ou tudo é possível)


Em meu penúltimo dia em Pushkar, visitei um templo Sikh muito bonito, perto do hotel. Não sei nada sobre essa tradição mas pude entender que não se adora nenhuma imagem e todos devem cobrir suas cabeças. Um religioso que estava la me explicou que o cabelo é um presente de Deus e por isso não se corta nunca. De tarde fui andar de camelo no deserto. Conheci duas francesas adoráveis: Corinne (a mãe) e Zoe (a filha). Elas moram no Tamil Nadu há mais ou menos um ano.

Realmente admiro as pessoas que sabem montar animais. Senti um pouco de medo no início, ainda mais depois que Kamal (o homem do camelo) disse que Gopal (o camelo) recebe todo dia uma certa quantidade de água, vegetais e bhang (Deus ou cannabis). Entoei um mantra e relaxei. Assistimos ao por do sol no deserto e infelizmente minha câmera pirou com o calor.
Tenho uma teoria sobre isso: algumas vezes simplesmente não é possível fotografar certos momentos. Há ocasiões especiais em que por algum motivo não sabido as câmeras ou não estão por perto ou não funcionam. E você deve registrar com o olho da mente.

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Foi meio triste deixar Pushkar e o pessoal que me tratou tão bem. Raj tentou me seduzir algumas vezes mas eu resisti bravamente, afinal meu coração anda mesmo por outros lugares agora.

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Peguei um ônibus para Haridwar, uma outra cidade de peregrinação - onde o Ganges começa. Quero assistir a um arati na beira do rio de tarde, descansar e tentar consertar a câmera. Pretendo passar 10 dias no Sivananda's Ashram de Rishikesh, ha uma hora daqui, depois voltar para Delhi e me preparar para voar para Paris novamente.
E antes fazer umas comprinhas também. Aliás estou pensando seriamente em um futuro não muito distante abrir um comércio de exportação. Quem sabe não viro uma grande empresária?

Sab kuch milega!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

big bhang

Cheguei em Pushkar, uma cidadezinha no meio do deserto do Rajastao - aproximadamente 4 horas partindo de Jaipur. Me instalei no Pink Floyd Hotel - meu quarto eh o "the wall". Aproveitei para relaxar de noite, fui ate o terraco e tomei um bhang lassi. Conheci duas garotas canadenses: Laura & Lauren, que estao viajando ha uns 5 meses pela Asia. Eh sempre muito bom conhecer pessoas que estao na estrada, ainda mais quando bate um certo desanimo. Estava me sentindo especialmente exausta ontem quando cheguei. Viajar sozinha eh muito bom pois voce tem a liberdade necessaria para ir e vir quando e onde quiser, mas em contrapartida eh muito comum ser pararaio de todo o tipo de gente e situacao.

Eh preciso ser forte e firme o suficiente para manter suas vontades e posicoes - voce ate pode confiar e dividir mas eh bom manter um pezinho atras, por seguranca. Manter a coragem de um guerreiro e o coracao de uma crianca. Tarefa ardua.

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Nunca tinha parado para pensar que o processo alimentar do indiano eh um ciclo que gira em sentido horario. Introduzindo o alimento pela boca com a mao direita e limpando fezes e urina com a mao esquerda. Se a gente parar pra pensar mesmo nao ha como sentir nojo - como eh possivel ter asco pelo que ingerimos? As fezes sao nada mais nada menos que os residuos daquilo que escolhemos colocar para dentro do corpo.

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Comeco a achar que a privada ocidental eh uma especie de receptaculo ornamental que serve apenas para prolongar o caminho da merda entre os sistemas digestivo e de saneamento.

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Fui ate o templo de Brahma hoje, conheci um bramane que me mostrou o complexo e explicou alguns detalhes.

Push (flor) kar (mao) - Brahma deixou cair uma flor de lotus na terra e de suas petalas brotaram os lagos daqui, e a cidade em volta da agua. Ao redor do lago ha muitos ghats, lojinhas e cafes. Infelizmente no momento o lago esta vazio - milhares de peixes morreram porque a agua estava contaminada, entao eles estao agora limpando e cavando o terreno.

Mesmo assim, depois de oferecer flores no templo fui ate o lago no ghat principal (especie de escadaria) para oferecer o restante delas, doces e coco. Dizem que quem passa por aqui deixa para tras todo e qualquer karma ruim e tem sorte para o resto da vida. E a familia esta incluida do combo.

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Savitri, a primeira esposa de Brahma ficou tao chateada com ele - pois casou-se com Gaiatri na sua ausencia durante um importante ritual - que desejou ardentemente que apenas aqui em Pushkar ele seria cultuado. Por essa razao nao se acha templos do criador em outras partes da India.

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Aqui em Pushkar eh estritamente proibido vender e consumir ovos, carne de qualquer especie e alcool. Em compensacao eh possivel se encher de Deus ou Bhang (mundialmente conhecido como cannabis). Om Kaya!

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Pretendo passar mais uma ou duas noites aqui - talvez faca um safari no deserto com direito a camelos, turbante, areia, estrelas e o que mais aparecer. Em seguida ir para Rishkesh, a Meca do Yoga. Praticar um pouco mais e mergulhar no Ganga.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

rajastao express

Por incrivel que pareca as 48 horas de viagem foram bem tranquilas - resolvi descer antes, em Agra e tomar um onibus ate Jaipur onde estou agora. Daqui sigo amanha para Pushkar.

Ainda no trem conheci uma garotinha de 12 anos muito fofa e esperta, estava viajando com suas familia, voltando de ferias do Kerala. O nome dela era Devi - com um nome desses nao precisa nem citar que era muito lindinha e inteligente.

Fora isso passei a maior parte do tempo lendo, ouvindo musica e derretendo de calor. Comi pouco, apenas bananas e graos. Levei pistache (que aqui eh incrivelmente barato), amendoas e amendoim. Algum chocolate tambem porque nao sou de ferro. Essa eh definitivamente a melhor opcao de comida em uma viagem longa pois gera lixo organico apenas, voce joga pela janela sem culpa e nao sobrecarrega o sistema digestivo.

Ja estou craque em fazer xixi indian style entao nao tive grandes problemas. Chega uma hora que voce tem que realmente levar tudo numa boa senao a coisa desanda e o cansaco pode bater forte.

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Ja tive varios maridos durante a viagem - esse eh o melhor jeito de fazer um homem parar de perguntar coisas pra voce: diga que eh casada e que seu marido esta te esperando na proxima estacao. Eles se calam e nao perguntam mais nada. Hoje comprei um anel e coloquei na mao esquerda.

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Ontem quando cheguei em Jaipur decidi pernoitar - afinal estava podre de cansada e precisando desesperadamente de um banho. Acabei vindo para um hotel bem proximo do que fiquei ha um mes atras, pela metade do preco e boas instalacoes. Conheci um casal que chegou um dia antes: ele eh indiano e ela israelense.
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Amanha pego um onibus para Pushkar, um dos poucos lugares na India que possuem templos dedicados a Brahma. Como ja visitei templos de Shiva, Vishnu e algumas Devis, nada mais justo que dar uma atencao ao criador, nao eh mesmo?!