terça-feira, 10 de novembro de 2009

E também não sou esquimó

Já me acostumei as reações de algumas pessoas quando, em ocasiões que envolvem comida, me perguntam quase que embasbacadas "ah... você não come carne? mas peixe come né?" e a resposta é um não, tímido e contido. Não, pois peixe pra mim é carne também.

Isso tudo começou uns cinco anos atrás, quando comecei a praticar Yoga de verdade, a frequentar satsangas, workshops e cursos no centro em Porto Alegre. Ninguém nunca me disse que não poderia praticar se ingerisse carne, mas a orientação era pra realmente diminuir, principalmente a vermelha pois é prenhe de toxinas. Não precisei fazer esforço algum pois curiosamente meu próprio organismo começou a rejeitar carne depois de algum tempo de prática. Lembro de uma tarde quente, acho que fazia uns 40 graus, era verão e depois do almoço me senti muito pesada. Acho que foi a última vez que comi carne vermelha, ficava só no franguinho grelhado ou peixe, sushi e sashimi na maioria das vezes.

Aí um pouco depois disso li algo a respeito dos hormônios que são colocados na ração dos frangos quando eles são pequeninos nas granjas: eles comem, crescem rápido e são abatidos. Isso tudo em um período muito mais rápido que o normal. Também parei, comecei a achar o gosto muito estranho e me sentia constrangida em fazer parte deste ciclo.

Sobrou o peixe. Meu favorito era salmão, principalmente cru, com bastante gengibre, wasabi e shoyu. Era impossível pensar em um dia abdicar deste incrível alimento, saboroso e ultra nutritivo. Ora essa, afinal peixe não sofre, tem de monte e ah, nós humanos somos os mais evoluídos então por que deveríamos nos preocupar com animais, não é mesmo?

Aí um belo dia, se não me engano setembro do ano passado, estava no trabalho e pedi um temaki de salmão, cebolinha, cream cheese e amêndoas torradas, um dos favoritos. Fiquei enjoada o dia inteiro arrotando peixe, um horror, não sei como aquilo foi acontecer. Acho que foi uma falta de sorte porque nunca havia passado mal com sushi. Mas a partir daí também não comi mais peixe algum ou camarão ou qualquer coisa do tipo e admito que não sinto falta nenhuma, por incrível que pareça. Não me sinto fraca, desnutrida ou anemica.

Depois de aprender algumas coisas no Yoga, sobre prana e alimentação vegetariana; depois de assistir alguns filmes/documentários que mostram matadouros, granjas e desequilibrios ecológicos; depois de ter passado mal fisicamente ao comer; perceber quanto desperdício e sofrimento estão envolvidos na matança e consumo de carne, que não é essencial a nossa saúde; fui para a India e não vi ninguém morrendo por ser vegetariano (a água daí já é outro problema) enfim, depois dessas coisas todas me sinto cada vez menos inclinada a colocar um pedaço que seja na boca.

Claro que considero importante respeitar a opinião alheia, cada um é livre para fazer aquilo que quer e gosta, mas acredito mais ainda em algum senso de responsalidade por nossos atos. E se participamos de algo é porque, de certa maneira, em graus diferentes, concordamos com aquilo. E eu não apoio matança, crueldade e desperdício.

Esse é um tema que sempre gera discussão, cada qual com seu embasamento. Confesso que na maioria das vezes poderia e deveria ter mais paciência ao expor os motivos, que para mim são absurdamente óbvios e claros.

...

Trata-se de uma outra consciência planetária, saca? ;)

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Mas como nem tudo são flores, o namorado é o maior carnívoro da paróquia e eu gosto dele exatamente assim.



2 comentários:

  1. Adorei amiga !!!
    Tb nao sinto a menor falta de carne de frango e muito menos de gado. A India me desintoxicou !!!!

    e quero saber se ja esta de malas prontas ?

    Grande beijo, Aline

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  2. tirando as malas do armário ainda queridinha!!
    msn msn
    beijo!
    saudades de ti

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enfim ...