Acho que nunca fui tão estressada em toda a minha vida. Nunca tive problemas para trabalhar, nem quando era bolsista PIBIC pela universidade e ganhava uma merreca pra respirar ácaros de 1800 e bolinha lá no acervo na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Agora a lembrança de la me traz uma doçura incomparável de ter vivido tempos áureos, se comparados aos que tenho passado ultimamente.
Talvez tenha me tornado cricri demais, é sério, mas em toda a minha breve vida de trabalhadora assalariada - comecei a trabalhar com 18 ou 19 acho - nunca estive em um lugar tão desorganizado e imobilizado. E ao mesmo tempo com imenso potencial para ser muito mais do que ocupa no momento, em termos de qualidade.
Nunca me senti tão desvalorizada e angustiada ao ver como algumas relações de poder se constróem, como se determinam prioridades e como algumas pessoas ainda pensam (outras tem certeza) ser de fato aquilo que acham que possuem.
Sempre que converso com meus pais a respeito de minhas revoltas trabalhistas-morais-filosóficas eles vem com a mesma expressão: welcome to the real world.
Pois não acredito e não vou me conformar nunca com humilhação, cretinice e exploração.
Pese embora o post tenha um tom mais pesado, não pude deixar de me rir com os ácaros de 1800 e bolinha :). Gosto de pessoas assim: mesmo quando a vida corre mal conseguem fazer humor.
ResponderExcluirQuanto ao assunto central da tua mensagem, queria apenas partilhar a minha experiência pessoal. Quando vim para Londres trabalhar há 3 anos tive de me sujeitar a muita coisa apenas por ser Português - uma dessas coisas foi a completa impossibilidade de me impor enquanto profissional. Por isso troquei de emprego três vezes até encontrar um sítio onde finalmente me valorizam pela minha capacidade intelectual - e não pelo meu país de origem. Sinto-me muito feliz e gostaria de te dizer que vale SEMPRE a pena ser exigente, querer sempre o melhor para si próprio, e não ficar satisfeito com o status quo apenas por ser o status quo - tem de haver razão melhor.
Beijo e força!
João.
meus pais também dizem a mesma coisa e eu quase morro de desespero...
ResponderExcluirmas é verdade que nos temos uma situaçao privilegiada e é verdade que é preciso ser exigente.