Estou começando a entender e gravar mentalmente o mapa da cidade. É como se fosse um triângulo principal e tudo ficasse ao redor. Mutley, Stoke, Hoe e Barbican, que é para mim o bairro mais charmoso de todos. Fica colado so Sutton Harbour, marina bem gracinha com ares de cidade baixa, centro antigo de paris e San Telmo em Buenos Aires. Galerias de arte, teatro, lojas e pubs. Comida boa, um pouco mais cara que em outras partes da cidade, mas só pela atmosfera já vale a pena sentar em qualquer um dos cafés pra tomar alguma coisa - só que dentro, porque tá um frio de rachar, mesmo.
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Ontem passei por la durante o dia para deixar alguns currículos e dar uma olhada nas galerias de arte, devo ter passado por umas cinco ou seis, a maior parte delas pequenas e com enfoque no trabalho de artistas locais, muita gravura, trabalhos em vidro - inclusive o soprado (putz sempre quis fazer vidro soprado!!), cerâmica e alguma fotografia.
Tudo meio parado, não sei se por estarmos no inverno ou por conta da crise que ainda é substancial por esses lados - o desemprego também, alto entre os mais jovens, mas enfim não vamos desanimar - não é mesmo? Em algumas galerias consegui deixar dois ou três currículos, já outras nem quiseram receber - pareciam se assustar com a expressão "looking for part time job" como se estivéssemos perguntando sobre alguma alma penada ou uma lenda urbana mal assombrada sabe? aliás há várias histórias dessas, inclusive um tour que você pode fazer pelos supostos habitats de fantasma.
Não entrei em todas, e na última delas a dona da galeria me recebeu com toda a cortesia de quem recebe uma estrangeira em sua loja com uma sacola na mão - tinha comprado uma aquarela um pouco antes, para dar de presente no natal. Daí que quando disse que estava procurando trabalho a expressão facial dela desmontou e ela logo balançou a cabeça negativamente, como se tivesse ouvido um pedido indecente. Agradeci, olhei mais umas coisas e fui embora. Depois disso bateu a real dimensão do cenário geral das arte neste momento. Tirando os museus, teatros e centros culturais que são financiados pela loteria e por outros setores do governo onde se contrata mesmo, a vida das galeria me pareceu meio anestesiada, tentando sobreviver.
Foi quando estava em frente a uma vitrine admirando pastéis, donuts e brownies (tô segurando a onda aqui pra não crescer tanto, adiposamente falando) fui abordada por um homem que havia encontrado uma meia hora antes, em uma das galerias, ele estava falando com o dono. Não prestei muita atenção a conversa deles, parecia estar mostrando portfolio. Perguntou de onde era e se precisava de alguma coisa, falava de um jeito meio lobo do mar. Parecia ter saído de algum quadrinho do angeli, usava óculos escuros, um macacão verde, dava pra ver a ponta dos dreadlocks saindo por baixo do sobretudo, quase la nos pés. Me apontou um pub e disse que poderia procurar trabalho por la - que atmosfera dali é muito boa.
Mas por enquanto vou focar a procura em lugares que tenham a ver com arte, antes de tudo algo que realmente tenha prática, depois que tiver peneirado essa rede daí sim vou mirar nas lojas e pubs novamente.
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Fomos ao teatro ontem a noite, o Barbican Theatre, onde Jamie trabalha como voluntário nas horas vagas fazendo a iluminação de algumas peças. Era sobre um cara que passa o natal sozinho, com frio, relembrando o bolo que deu na ex-namorada no natal passado quando terminaram. Engraçadinha e com boas performances musicais de um dos atores. Demos boas risadas e foi bom para confraternizar com o povo da casa.
Oi amiga !!
ResponderExcluirEstou acompanhando seu blog atraves do RSS !! Grande beijo, Aline
Vai dar tudo certo !!