quinta-feira, 28 de maio de 2009

That it will never come again is what makes life so sweet

Para os iogues tudo na natureza funciona sob as leis de tres forcas - ou qualidades elementares: sattva (superficialmente representavel pela palavra pureza), rajas (atividade) e tamas (inercia). Todas as tres sao necessarias e funcionam como mecanismos que agem integrados, de forma sucessiva e/ou coexistente. Acontece que quando uma das tres esta muito predominante (e por consequencia outra menos) geralmente ha sinal de desequilibrio. Um exemplo bem grosseiro seria o seguinte: quando uma pessoa esta muito cansada e toma litros de cafe para se manter acordada e trabalhar o dia inteiro (rajas). So consegue pegar no sono de madrugada, acorda com dificuldade e fica ainda mais cansada (tamas). Nao levanta disposta e perde sua pratica diaria matinal de tai chi (sattva) - ou qualquer outra atividade befefica para mente/corpo/alma etc). Ou ainda: como esta muito empolgada com o tai chi, faz tres horas ao inves de uma diariamente. Comeca a faltar no trabalho ou chegar atrasada, prejudicando o rendimento.

Enfim, eh sempre positivo querer sobrepor a inercia, e algumas vezes a escuridao atraves do movimento, do impulso por uma atividade, trazer as coisas a `claridade`. Sempre tentando manter a moderacao entre todos os estados, porque nem sempre o satvico eh tao evidente e definitivo assim - nem sempre eh detectavel e certeiro. Algumas vezes o suposto puro pode encobrir algo de natureza mais negativa, prejudicial. Para mim, enquanto aluna e praticante de Yoga, de nada adianta encostar o dedao do pe na orelha fazendo o `shooting bow`, ou saber de cor todos os kirtans e mantras sem que haja certa leveza, sensatez - desapego pelos resultados - desprendimento em relacao a essas mesmas praticas.

Apenas nos mesmos sabemos o que nos motiva a levantar todos os dias da cama; o que resta das conversas com o travesseiro; monologos cerebrais silenciosos.

...

Uma semana no Ashram foi o suficiente para dar uma boa energizada no corpo e na cabeca, e no espirito uma refrescada. Muita aula pratica, algum trabalho, acordar e dormir bem cedo, cantar, conversas divertidas, passeio, pessoas muito especiais. No terceiro dia estava ainda meio perdida e silenciosa quando conheci Aline - uma gaucha que mora no Qatar com o espouso piloto. Foi alegria de cara encontra-la ali, depois de quase um mes sem falar portugues com ninguem - so por e-mail. Passamos bons momentos e demos muitas risadas juntas. Nao tinha muita gente por la ja que agora eh baixa estacao e as moncoes estao chegando - vem muita agua pela frente. Mas das que estavam la conheci ou falei com quase todas - de muitas partes do mundo. Guardarei lembrancas especiais de Aline, Anette, Priya, Sadasiva, Nikhila e da japonesinha que esqueci o nome.

Alias os japoneses sao de uma placidez que raramente se ve em outras auras. Para mim, eles estao sempre flutuando em alguma nuvem.

...

Na sexta-feira saimos de manha cedo para uma excursao (sexta eh o dia livre da semana). Visitamos templos, fomos a praia e tivemos 3 refeicoes (no Ashram sao apenas 2). Mahadeva Temple, Vivekananda Rock Memorial (especialmente propicio para meditar em uma salinha escura onde fica tcando o mantra om continuamente, delicia), Kanya Kumari Devi Temple e Sthanumalaya Temple.

Nunca tinha besuntado tanto minha testa com pastas de sandalo e bebido tanto leite abencoado de concha. Acendi velas, ofereci incensos, doei dinheiro, agradeci, ri, pedi, chorei, ri de novo. Afinal o que seria do sol se nao houvesse a chuva?

...

Na noite anterior a minha saida do Ashram participei de um puja para a Mae Divina. Oracao, canto e recitacao dos diversos nomes da Deusa, entoados em uma poderosa melodia. Dentro da minha capacidade de compreensao e pronuncia do sanscrito , daqueles nomes, preferi deixar os livros de lado, fechar os olhos e saborear o som. Minha cabeca e meu peito letejaram e transbordaram de emocao, nao consegui conter as lagrimas. Quando abri os olhos e olhei para cima, vi a pintura no teto do templo: mostrava um raio de luz saindo da palma da mao da Deusa atingindo a regiao do coracao de tres figuras masculinas - acredito que Brahma, Vishnu e Shiva. O outro raio luminoso ia em direcao a um chakra exterior as tres criaturas na altura do terceiro olho, um centro energetico flutuante.

...

Estou tentando me entender com os cimbalos que adquiri em Darjeeling especialmente para tocar nos satsangas mundo afora. Foi um bom comeco!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

enfim ...