Para os iogues tudo na natureza funciona sob as leis de tres forcas - ou qualidades elementares: sattva (superficialmente representavel pela palavra pureza), rajas (atividade) e tamas (inercia). Todas as tres sao necessarias e funcionam como mecanismos que agem integrados, de forma sucessiva e/ou coexistente. Acontece que quando uma das tres esta muito predominante (e por consequencia outra menos) geralmente ha sinal de desequilibrio. Um exemplo bem grosseiro seria o seguinte: quando uma pessoa esta muito cansada e toma litros de cafe para se manter acordada e trabalhar o dia inteiro (rajas). So consegue pegar no sono de madrugada, acorda com dificuldade e fica ainda mais cansada (tamas). Nao levanta disposta e perde sua pratica diaria matinal de tai chi (sattva) - ou qualquer outra atividade befefica para mente/corpo/alma etc). Ou ainda: como esta muito empolgada com o tai chi, faz tres horas ao inves de uma diariamente. Comeca a faltar no trabalho ou chegar atrasada, prejudicando o rendimento.
Enfim, eh sempre positivo querer sobrepor a inercia, e algumas vezes a escuridao atraves do movimento, do impulso por uma atividade, trazer as coisas a `claridade`. Sempre tentando manter a moderacao entre todos os estados, porque nem sempre o satvico eh tao evidente e definitivo assim - nem sempre eh detectavel e certeiro. Algumas vezes o suposto puro pode encobrir algo de natureza mais negativa, prejudicial. Para mim, enquanto aluna e praticante de Yoga, de nada adianta encostar o dedao do pe na orelha fazendo o `shooting bow`, ou saber de cor todos os kirtans e mantras sem que haja certa leveza, sensatez - desapego pelos resultados - desprendimento em relacao a essas mesmas praticas.
Apenas nos mesmos sabemos o que nos motiva a levantar todos os dias da cama; o que resta das conversas com o travesseiro; monologos cerebrais silenciosos.
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Uma semana no Ashram foi o suficiente para dar uma boa energizada no corpo e na cabeca, e no espirito uma refrescada. Muita aula pratica, algum trabalho, acordar e dormir bem cedo, cantar, conversas divertidas, passeio, pessoas muito especiais. No terceiro dia estava ainda meio perdida e silenciosa quando conheci Aline - uma gaucha que mora no Qatar com o espouso piloto. Foi alegria de cara encontra-la ali, depois de quase um mes sem falar portugues com ninguem - so por e-mail. Passamos bons momentos e demos muitas risadas juntas. Nao tinha muita gente por la ja que agora eh baixa estacao e as moncoes estao chegando - vem muita agua pela frente. Mas das que estavam la conheci ou falei com quase todas - de muitas partes do mundo. Guardarei lembrancas especiais de Aline, Anette, Priya, Sadasiva, Nikhila e da japonesinha que esqueci o nome.
Alias os japoneses sao de uma placidez que raramente se ve em outras auras. Para mim, eles estao sempre flutuando em alguma nuvem.
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Na sexta-feira saimos de manha cedo para uma excursao (sexta eh o dia livre da semana). Visitamos templos, fomos a praia e tivemos 3 refeicoes (no Ashram sao apenas 2). Mahadeva Temple, Vivekananda Rock Memorial (especialmente propicio para meditar em uma salinha escura onde fica tcando o mantra om continuamente, delicia), Kanya Kumari Devi Temple e Sthanumalaya Temple.
Nunca tinha besuntado tanto minha testa com pastas de sandalo e bebido tanto leite abencoado de concha. Acendi velas, ofereci incensos, doei dinheiro, agradeci, ri, pedi, chorei, ri de novo. Afinal o que seria do sol se nao houvesse a chuva?
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Na noite anterior a minha saida do Ashram participei de um puja para a Mae Divina. Oracao, canto e recitacao dos diversos nomes da Deusa, entoados em uma poderosa melodia. Dentro da minha capacidade de compreensao e pronuncia do sanscrito , daqueles nomes, preferi deixar os livros de lado, fechar os olhos e saborear o som. Minha cabeca e meu peito letejaram e transbordaram de emocao, nao consegui conter as lagrimas. Quando abri os olhos e olhei para cima, vi a pintura no teto do templo: mostrava um raio de luz saindo da palma da mao da Deusa atingindo a regiao do coracao de tres figuras masculinas - acredito que Brahma, Vishnu e Shiva. O outro raio luminoso ia em direcao a um chakra exterior as tres criaturas na altura do terceiro olho, um centro energetico flutuante.
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Estou tentando me entender com os cimbalos que adquiri em Darjeeling especialmente para tocar nos satsangas mundo afora. Foi um bom comeco!
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enfim ...